terça-feira, 15 de julho de 2014

Ela estava só, num quarto escuro e solitário. Sonhava com  o que podia ter acontecido se tivesse tomado as decisões que julgava erradas por magoar o outro que não ela.
Decisões que a fizeram sofrer a cada suspiro, se quebrar a cada briga, machucar cada vez que ouvia alguém dizer o quão errada estava.
Não queria magoar ninguém. Não queria maiores problemas. No fim, estava só. Suas únicas companhias passaram a ser o Whisky, o cigarro e os antidepressivos. Mistura complicada de lidar.
Naquela noite escura e chuvosa, repleta de raios e trovões ela sentia falta de tudo o que perdera por puro egoísmo e autopiedade. Por puro medo de largar tudo, ser feliz e seguir em frente.
Ela não suportava mais chorar antes de dormir enquanto pensava em tudo o que deixara pra trás. Já perdera a conta das vezes que acordara aos gritos, sem nenhum socorro, depois de mais um sonho ruim.
Aquela noite seria a ultima vez que derramaria uma lagrima, daria um grito de dor. Acendeu seu último cigarro, encheu seu último copo, depois de muitos naquela noite, tomou seu ultimo comprimido, depois de caixas.
Sua visão turva já estava a lhe enganar, sua cabeça rodava em uma interminável espiral, suas pernas já não aguentavam mais  peso do seu corpo. E ela enfim pôde vê-los uma ultima vez. Todos aqueles a quem amara, todos que a desejaram, todos aqueles que um dia desejou tocar. Estavam ali por ela, sorriam para ela.
Ela dançou uma ultima vez, cantou uma ultima vez, amou uma ultima vez, sorriu pela ultima vez. E, num suspiro quase interminável ela se despediu. Se despiu da realidade e da dor, se entregando plenamente ao mais puro prazer da eternidade.
E, por um ultimo segundo, enfim era feliz.

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