terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Eu estava ali, e a observava. Ela estava imersa em seus pensamentos. Olhava perdida por aquela janela, gotejada de chuva. Parecia sofrer, mas um sofrimento quase aliviado. Como se fosse o fim de algo que era inevitável.
Tentei imaginar quais angústias se passavam por aqueles pensamentos tão compenetrados, que a deixavam tão distante.
Pensei em me oferecer para dividir seu pesar, mas percebi que ela quase se sentia bem ali, deixando tudo para trás, naquilo que parecia ser sua última vinda por aquele trajeto. Trajeto que pra mim era tão comum.
Em algum momento ela voltou a si, levantou a cabeça, deu um leve sorriso e se despediu de uma vida que deixava pra trás.
Quem sabe um amor que fora amado em vão. Ou um sonho que havia se despedaçado por entre lençóis desarrumados após algumas noites de amor.
Começo a achar que aquele rosto refletido naquela janela gotejada de chuva era nada além do reflexo meu.
E hoje eu sei que aquele trajeto se tornou passado para ambas.
E que tudo não passou de uma doce ilusão.

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