quinta-feira, 16 de abril de 2009

Como tudo começou...

Era uma bela e clara tarde de inverno. Lílian estava sentada em uma pedra observando o mar. Sua expressão era distante, parecia estar sonhando. Lágrimas escorriam de seus olhos negros. Sentia-se uma tola por ter continuado a tentar sobreviver a um relacionamento que não iria chegar a lugar nenhum. Mas agora isso era passado.

Jasper passava por ali naquele momento, quando viu o ser que era a imagem da perfeição. Ele gostava de observar o fim de tarde naquela pedra, e nunca tinha contemplado tamanha beleza. Ele se aproximou um pouco e viu que ela chorava. A princípio quis sair, deixá-la sozinha com seus pensamentos, mas achou melhor se aproximar, pois sabia que, se fosse embora, jamais contemplaria tamanha beleza.

Ele se aproximou, sentou ao lado dela e permaneceu em silêncio por algum tempo, até que ela o notasse. A bela olhou nos olhos dele, como quem faz um reconhecimento, e não mostrou se opor a sua presença. Foi então que ele tomou a liberdade de perguntar:

- Porque choras?

- Porque sofro. – ela respondeu docemente.

Aquela voz doce e suave encantou aquele garoto de tal forma que o fez querer curá-la, tirá-la de todo aquele desespero, de todo aquele sofrimento. Se entreolharam por algum tempo, até que ele a puxou para perto dele, para junto de seu corpo, para a proteção de um abraço carinhoso. Ela não resistiu, não protestou, não tinha forças pra nada, só conseguia chorar.

Ela sentiu-se bem, confortável e protegida nos braços daquele estranho, como se nada mais pudesse machucá-la. Após um tempo em silêncio, ela começou a falar, sem olhar para ele, ela olhava para algum lugar só dela em um horizonte distante.

- Eu tinha um namorado, super legal, às vezes até de mais. O namoro era perfeito de mais. Só que há mais ou menos um mês, ele mudou totalmente. Ele virou o perfeito cafajeste, saia sem dar notícias, não retornava minhas ligações, não conversava comigo, e quando eu perguntava aonde ele tinha ido e porque estava fazendo isso, ele só discutia, brigava e coisas assim. E logo depois me enchia de carícias e beijos, me pedia mil perdões, dizendo que estava arrependido, que estava preparando uma surpresa pra mim e que eu não podia saber.

“Ontem eu fui a casa dele fazer uma surpresa, pois era nosso aniversário de namoro. Quando eu entrei, ele estava com outra, uma vagabunda qualquer, transando calorosamente em cima do bar, com uma garrafa de wysk na mão, bebendo e jogando naquelazinha. Ele a pegava de um jeito... ele nunca me pegou desse jeito”.

“Eu só consegui pensar em correr. Ele veio atrás de mim, me levou de volta para o apartamento, me jogou contra a parede e disse que estava cansado de esperar por mim, que eu iria ser dele ali mesmo. Eu me debati contra a parede, e acertei uma joelhada bem no saco dele, saí correndo e vim pra cá. E cá estou”.

Ele, tocado com a história dela, apertou mais o abraço.

- Eu gostava muito dele, mas estava esfriando o relacionamento por causa das brigas. Agora eu desejo a morte praquele cafajeste, que bela surpresa ele estava preparando! Que tola que eu sou, falando um monte de besteiras para um estranho.

- Está tudo bem, pode falar, acalente teu espírito pondo tudo pra fora. Eu prometo que irei protegê-la de qualquer um que queira magoá-la de novo.

Ela olhou no fundo dos olhos dele e viu uma sinceridade tamanha que ela jamais vira.

- Obrigada!

Ela tornou a deitar em teus braços e ali ficaram ao cair da noite e ao raiar do dia, até que aquela mente inquieta estivesse em paz.



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